domingo, 12 de setembro de 2010

distâncias

No parque, antes dos ponteiros marcarem 10 horas, o silêncio corria com a brisa. No banco, daquele tipo de madeira antigo mas sempre bem envernizado, mãos sobre os joelhos, óculos e cabelos pinçados num feixe, a menina observava. Atenta para as árvores donde vinham e iam os pássaros, cada vôo registrado pelo olhar estático; fugaz, o vento seguia as asas, mas a perseguição perdia-se, em certos momentos não se sabia quem estava atrás de quem, as folhas, galhos e arbustos farfalhavam com as passagens.
Quando alguém tentava cortar o silêncio dilatado e tenaz, sempre ouvia o mesmo eco, como um disco arranhado:

- Eu gosto dos pássaros, isso é tudo que precisa saber.

E das dez coisas mais difíceis, uma delas que aprendi foi com essa menina, a arte tão truncada de criar laços.

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