terça-feira, 12 de outubro de 2010

longitude

Nesses dias indefinidos de frio e garoa frouxa batendo na janela, vem a vontade de colocar velhos planos de fuga em prática, entrar no carro e dirigir sem grandes ambições, nem precisão exata. Talvez para o sul, pelas serras e pradarias; para os rios que se encontram e as cataratas, num rugido de águas; cruzar fronteiras, através dos pampas e plantações sob correntes de vento do pacífico, acima dos Andes, na austeridade gélida imóvel, que assoma à vista das cidades próximas. Então, descer, descer, até que o deserto esteja à frente e o mundo às costas, entre os arbustos nas minas de sal a céu aberto, para a terra do fogo, na comunhão das divisas da América do Sul, no encontro das ondas do tempo remoto, quebrando-se contra a margem continental; além do frio austral que arrefece as marés soturnas e embota os ciclos regionais, no berço de neve da América.

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